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Foto do escritorMaria Vieira

À Conversa com João Geraldo Gomes

Atualizado: 6 de dez. de 2022


Miradouro de Santa Catarina (2021)

O violoncelista, compositor e

músico no geral,

Geraldo, estudou música em Espinho, na Escola Profissional de Música de Espinho (EPME) e licenciou-se no Porto na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE). Hoje, desenvolve vários projetos de música em português, mas também se aventura pela música instrumental e/ou eletrónica. Para além dos seus projetos, dá aulas e realiza produção musical para diversos contextos – vídeos profissionais, séries animadas,

peças de teatro e muito mais.


Enfim, é o verdadeiro eterno curioso musical.


Quantos anos tinhas quando o bichinho pela música começou a crescer?

O meu interesse pela música foi hereditário. Sendo a minha mãe professora de música, estive sempre habituado a essa linguagem estar presente na minha vida. Comecei a estudar violoncelo com 8 anos, mas antes de fazer a minha escolha, estudei música durante um ano e conheci todos os outros instrumentos.


Escolheste o teu instrumento ou escolheram por ti?

Na verdade, queria contrabaixo, mas era muito grande para mim. Propuseram-me começar com o violoncelo e depois eu é que não quis trocar!


"Habitando a ponte, contemplando o mar" (2021)

A ESMAE foi a tua primeira opção?

Sim, foi a minha primeira opção. Na altura estava a começar a questionar o caminho dentro da música que queria realmente seguir. O tempo que passei na ESMAE serviu esse mesmo propósito: desafiar-me a procurar novos caminhos e ter um espaço para os explorar. Retirei mais dessas aventuras e experiências que o contacto com outros artistas me permitiu do que da formação curricular oferecida pela escola.




Tiveste algum momento em que quiseste desistir?

Sim, cheguei a fazer um gap year para descansar e depois voltei para terminar o curso.

Como é ser músico na nossa geração em Portugal?

Já não toco música clássica há alguns anos. Mas penso que as perspetivas de manter um trabalho só a tocar em orquestras, grupos de música de câmara e como solista são irrealistas. O mais comum é os músicos complementarem o seu income dando aulas ou com outro trabalho.


Ainda sentes que música foi a decisão certa?

Da música não me vou afastar de certeza. Pretendo continuar a diversificar as minhas capacidades dentro do mundo das artes no geral.


Sentes que há mais oportunidades lá fora para os teus projetos, do que em Portugal?

Depende muito do projeto. Diria que, para além do fator económico, a barreira linguística é o fator que mais se destaca quando falamos do sucesso

de um projeto. Como tenho alguns projetos em português, sinto que estou um pouco limitado quanto ao público estrangeiro, mas em projetos instrumentais penso que facilmente posso atingir públicos de diversas nacionalidades.


Claro, que países com mais poder económico são mais viáveis para organizar concertos e digressões, como é o caso de muitos países europeus.


Então o teu percurso vai ser por Portugal ou vais procurar por fixares a tua arte lá fora?

Se sair de Portugal de forma mais permanente imagino-me a viver nómada pelo mundo. Penso que caminhamos para um planeta onde é cada vez mais possível viver assim e onde podemos multiplicar as nossas aprendizagens com esse contacto amplificado com diferentes pessoas e culturas.


Achas que o paradigma da nossa cultura vai mudar em breve?

Penso que o paradigma pode mudar se fizermos um movimento coletivo de valorização dos trabalhadores das artes. Mas enquanto não houver uma grande vontade de mudar as coisas, acho que Portugal continuará a não disponibilizar as condições necessárias para os artistas viverem da sua arte.


Sentes que a nossa cultura está a rejuvenescer?

Na minha opinião, Portugal tem um bom público, pessoas que se interessam pela cultura, pela arte! Acho que há falta de apoios do governo sim, mas também falta de formação para o artista na parte da comunicação e divulgação do seu trabalho de forma independente.

"Daqui há de sair um álbum" (2022)

Será que vai ser a nossa geração a trazer essas mudanças?

Acho que as mudanças necessárias vão demorar várias gerações, mas a nossa geração tem a oportunidade de fazer alterações significativas que poderão pavimentar o caminho certo para as próximas gerações continuarem.


Achas que os órgãos de comunicação divulgam a cultura que está a ser criada pela nossa geração ou notas uma distinta falta de interesse?

Os órgãos de comunicação, como a televisão e a rádio, estão dominados por grandes labels que ditam toda a música que lá passa. Qualquer artista independente tem imensa dificuldade de se fazer ouvir e a nossa geração sofre muito com isso.


Fala-me dos projetos em que estás envolvido. O que andas a criar, o que queres que aconteça para o teu futuro?

Neste momento tenho vários projetos em fases diferentes de desenvolvimento.

 

Os mais relevantes para mim são LAGARTO (@lagartotrio), um trio composto por Viola d’arco (Rita Carreiras), Violoncelo (eu) e Didgeridoo (Renato Oliveira) onde criamos música nova com as diversas influências que os três trazemos para a mesa de trabalhos. Lançámos um EP este ano e continuamos cheios de ideias para gravar!

 

Estou neste momento em tour pela América do Sul com outro projeto incrível, acompanhando a cantautora e grande amiga Yosune (@yosune.musica). Acompanho de perto este projeto e tenho o privilégio de contribuir com algumas ideias na fase de criação. Vamos lançar um EP neste próximo ano.

Teatro de Bolso, na Vila Mariana, no sábado dia 10/12 as 20h
 

Tenho outro projeto que vou lançar no início de 2023, de canções minhas, tocadas por músicos incríveis, todos residentes na zona do Porto. E para já não posso adiantar mais pormenores!



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