Eduarda Borges, ou Duda, ilustradora com 22 anos, vive em São João da Madeira. Hoje, estuda Design de Multimédia, em Coimbra, e partilha e vende os seus trabalhos de ilustração, sempre divertidos, na sua página de arte no Instagram (@dudzanduda).
Esquerda para a direita, respectivamente: 1 - Capa para as lives do Youtube d’Os Primos; 2 - Fan art de “Princípio, meio e fim.”; 3 - Aquarela; 4 - Arte satírica; 5 - Poster para a exibição do filme “O ano da morte de Ricardo Reis”; 6 - Retrato de Manel Cruz; 7 - Fotografia da artista, fornecida pela própria. Imagens retiradas do Instagram (@dudzanduda)
Foi no município mais pequeno de Portugal que estudou até ao 12º ano, no Centro de Ensino Integral. Optou pela vertente de Ciências e Tecnologias, apesar de já ter, na altura, o mundo das artes em mente. Na licenciatura, escolheu Design de Comunicação na Universidade Lusófona do Porto. De seguida, na mesma cidade, concluiu uma pós-graduação em Ilustração na Faculdade de Belas Artes. Academicamente não ficou por aí e, em setembro deste ano, começou a frequentar o Mestrado em Design de Multimédia, desta vez, na Universidade de Coimbra.
Questionada sobre como surgiu a paixão pelo desenho, referiu, como maior impulsionador, o seu pai. “Quando eu era criança, ele desenhava muito. Mostrava-me os blocos de desenho e eu roubava alguns para eu fazer os meus próprios desenhos.”. Apontou, como momento crucial, um dia em casa do avô, enquanto desenhava com as primas. A sua interpretação de um gato sentado foi merecedora de elogios, devido à quantidade de pormenor. Aliás, o desenho foi emoldurado e, até aos dias de hoje, continua em casa dos seus avós. Foi neste momento que percebeu “gosto daquilo e gosto que as pessoas gostem do que desenho”.
Aos 16 anos, aquando do ensino secundário, começou a partilhar alguns trabalhos nas redes sociais. Em Design de Comunicação ganhou “mais bases”, conseguiu ter aulas de desenho, conheceu mais artistas portugueses e entrou no mundo da ilustração. Porém, foi um momento mau para o mundo todo, que lançou o seu sucesso: a pandemia. “Estávamos todos em casa, então comecei a partilhar mais coisas nas redes sociais. Talvez tenha sido sorte, ou o facto de passarmos todos mais tempo no telemóvel”. Aproveitou a sua conta já existente dedicada à arte e alimentou-a mais- “continuei a partilhar, a partilhar e a partilhar”. É na página do Instagram (@dudzanduda) que partilha, em digital art ou fotografias do papel, as encomendas pessoais, trabalhos da faculdade, memes e vídeos. As oportunidades começaram, por isso, a surgir e “cá estamos hoje”.
Confessa que os trabalhos que gostou mais de fazer foram as primeiras duas encomendas. Pedro Gonçalves e Gabriel Ferreira contactaram-na com um pedido especial: fazer a capa do podcast que criaram- “CACA” (Conversas Amigáveis Casualmente Adultas). Pouco tempo depois, Domingues, músico português, pediu-lhe que fizesse a art work para o videoclipe do seu single, “FICA.” (2020). Estes dois pedidos deram-lhe a confiança necessária para mostrar cada vez mais trabalhos nas redes sociais e daí surgiram cada vez mais encomendas. Afirmou que gosta bastante de executar estes trabalhos, “nem tanto pelo dinheiro”, mas por chegar a um desenho final que vai deixar alguém feliz.
O trabalho que lhe deu mais prazer ao longo do percurso académico foi um pedido de redesign, no qual optou por dar uma nova vida à capa do livro “O Principezinho” (1943), de Antoine de Saint-Exupéry. Por lazer, gosta mais de fazer aquilo a que chama “os desenhos random (aleatórios)”. De um copo ou de uma aplicação online, retira uma pessoa ou personagem e depois uma ação. No fim, faz uma interpretação dessa junção, com o seu estilo artístico muito “cartoonesco”. Estes desenhos aleatórios fizeram com que conseguisse, por diversas vezes, a atenção e partilha por parte de algumas personalidades famosas, como Rick Fazeres, José Castelo Branco e os Wet Bed Gang.
Por último, falou-nos um pouco sobre as suas encomendas. A altura do Natal é, indubitavelmente, a que traz mais pedidos. Normalmente são ilustrações para oferecer como prenda à família, amigos ou namorados. O tempo e preço que pratica variam bastante. Em média demora duas a três semanas, mas esse prazo está sempre dependente do estado da sua vida académica e de quantos outros trabalhos tem para fazer. Já o preço, depende bastante daquilo que lhe é pedido, da dimensão, da urgência, da sua disponibilidade e, como não tem uma tabela de preços fixa, da oferta do cliente.
Vídeo de desenho, retirado do TikTok (@dudusoza)
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