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Foto do escritorMaria Vieira

A Distinta Falta de Concursos Artísticos em Portugal


Pergunto-me se a palavra que mais tenho ouvido nos últimos tempos, anos até, é défice. Tornou-se para mim uma palavra cansada, um conceito que me tira do sério, mas não deixa de ser uma verdade incontornável. Vivemos em constante défice, seja de dinheiro, de comida, de valores e pelos vistos de concursos públicos e privados na cultura.


Pergunto-me se, na realidade, os concursos existem e eu é que não os soube desenterrar do poço que é o Google. Admito que não me atrevi a chegar até a página 50 do motor de pesquisa, achei desnecessário, mas espero que acreditem que fui até à página 3 e que só me dei por derrotada quando a terceira página já ia em artigos de 2021.


Pergunto-me se é por isso que não existem tantos escritores portugueses da minha geração, ou pelo menos se existem, por favor alguém aponte-me em que cave é que eles se foram esconder, também quero fazer parte da reunião.


Desde o começo do Penumbra que vasculho a internet, emails institucionais, páginas oficiais de editoras, plano nacional de leitura, outros jornais, outras plataformas, por concursos portugueses, a nível nacional, porque se fosse limitar a procura apenas pelo distrito do Porto, decerto que não ia conseguir material para vos divulgar, e por isso, sinto que vos falhei. Mas não desisto, e vou continuar à procura, atualizando a compilação (que já se encontra no Penumbra) com todos os concursos que me baterem à porta. Para já, contentemo-nos com o que há.


Agora, espero que me deixem realizar uma última interjeição justificada, mantendo em mente que posso estar redondamente errada. (Admito já que talvez até seja mais um desabafo.).


É falta de vontade ou falta de participação? Não consigo aceitar que no país que fomentou escritores como Camões, Pessoa, Eça, Saramago, Espanca, Mello Breyner, Castelo Branco (podia passar um dia inteiro a enumerar autores influentes, mas acho que era ocupar espaço), não haja entusiasmo, nem iniciativa para criar mais autores portugueses. Num país que está sempre tão orgulhosamente sozinho, não faria sentido a cultura ser dos setores mais ativos em Portugal? Será a nossa maldição portuguesa estarmos eternamente presos ao passado? Será esse o método que o universo arranjou para nós, sociedade portuguesa, pagarmos pelos nossos pecados?


Sou o tipo de pessoa que acredita que arte reside na essência de todos nós, não importa a idade, género, passado ou presente. Para aqueles que seguem as artes e sonham em contribuir para a cultura, os concursos são um ponto de partida, um começo simbólico e uma forma única de artistas serem reconhecidos pelo seu trabalho. Hoje, existe uma distinta falta de concursos em Portugal, mas acredito que isso vá mudar e que a minha geração vá fazer por isso.


Espero pela vossa crítica à minha crónica, porque honestamente espero estar errada.

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